sábado, 26 de junho de 2010

Saí da escola e fiquei vagando pelo centro de Londres, para ver o movimento e distrair-me um pouco. Andei até anoitecer, mas eu ainda não queria ir para casa, no momento queria distancia de lugares familiares. Foi então que avistei um cassino e comecei a andar em direção a ele.
Parei perante a porta, meditei por uma fração de segundos até ser interrompido.
- Você aqui? – Olhei incrédulo, só podia ser brincadeira. Até aqui Louise me persegue.
- Eu é que pergunto. O que você, uma moça de família, a essa hora faz na porta de um cassino?
- Eu estava andando por ai para espairecer um pouco e encontro você.
- Você precisa espairecer?
- Quem não precisa?
- Tem razão.
- Mas e você, o que faz por aqui mocinho? Não me diga que ia entrar ai?
- O mesmo que você. Então encontrei o cassino, pra jogar um pouco e me distrair, ai você me encontrou!
- Tem certeza que ai dentro você vai conseguir espairecer? – ela falou num tom crítico, pensei um pouco antes de responder.
- Sim.
- Duvido que você saia daí de alma lavada.
- Bom, não resolve meus problemas, mas pelo menos me faz esquecer deles. Mas e você, conhece um lugar melhor? – Ela me olhou provocativamente, como se tivesse me desafiando.
- Se importa de vim comigo? – Pensei, por que não, não tenho nada melhor pra fazer mesmo, e um programa à moda de Louise essa noite vai ser uma experiência bem interessante!
- Claro, pra onde vamos?
- Apenas vem comigo.
Caminhamos uma quadra sem muitas palavras, apenas o bom e velho habito inglês de falar sobre o tempo e nada mais. Paramos na porta do hospital, e Louise se virou de frente pra mim me olhando como se perguntasse o que eu estava achando. Não acredito que vamos entrar no hospital.
- É aqui?
- Sim! – sua voz harmônica me mostrava que o passeio ia ser interessante, mas quem consegue espairecer num hospital? Eu a olhei cético.
- Quer voltar pro cassino?
- Não. Vamos entrar. – Vamos ver o que me espera.
Entramos no hospital e todos os olhos se voltaram pra mim, não me surpreendi, com essa minha visita inesperada, até pra mim foi estranho.
Louise se identificou no balcão e em seguida fomos andando até o fim de um corredor, paramos diante de uma porta.
- Estou louco pra saber o que você vai me mostrar por trás dessa porta. – Falei sem animo, ainda não sabia o que eu estava fazendo ali. Ela tirou do bolso dois narizes de palhaço e me entregou um, depois pôs o outro. E em resposta sorriu e piscou pra mim. Apaixonei! A palhaçinha mais linda que eu já vi. Então também coloquei o meu nariz e fiquei atento ao abrir da porta.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

My World Is You

Andando pelo corredor de minha mansão, atrasado para a escola mais uma vez, caminhava com a leveza de uma pluma e a velocidade de uma tartaruga; o tempo e o mundo são favoráveis a mim e não ousaria a me contestar, eu, o Príncipe Harry, herdeiro do trono inglês, a quem as pessoas devem respeitar independente de qualquer atitude minha, qualquer atraso. A majestade circulava em minhas veias. E apesar de reconhecer que eu não sou digno desse respeito, eu abuso dele.
A caminho do colégio em minha limusine, eu degustava o ultimo gole de wisk e apreciava pela janela toda aquela cidade que era minha, todo aquele país que era meu; mas foi quando eu avistei algo que ainda não me pertencia: Louise Waldorf – ela era linda até quando corria desesperadamente pelo gramado do campus, suas maças rubras se destacavam sobre sua face morena flor, a garota era tudo de bom!
Saindo do carro, ela me viu e acenou, pisquei pra ela de volta, pensei em chegar nela, mas não entendo porque me sinto inseguro em relação a isso, afinal eu consigo todas, quer dizer, as garotas me querem, pois eu sou o que sou e me tratam como um deus, ao contrario de Louise, ela é indiferente a tudo isso, ela me trata como uma pessoa normal.
Acendi um cigarro e fui entrando no prédio, acabara de tocar o sinal da segunda aula, encontrei a galera na porta da sala, cumprimentei os caras, Chuck e Ephram, (Ephram é irmão de Louise e além de um grande amigo meu, não sei porque só fui querer dar uns beijos na garota agora, quando eu conheço eles a anos); em seguida dei um beijo na Sharon, ou na Roxanne, não sei, as duas se parecem. Joguei meu cigarro na lixeira e fui me sentar, Chuck veio depois xavecando a professora, ele gostava das mais velhas, difíceis, mas era o jogo dele.
- Hey Harry. – sentando se na carteira ao meu lado.
- Fala cara!
- Meus pais vão para Vancouver nesse fim de semana, então estou preparando uma festinha no sábado a noite.
- Legal.
- Mas vê se não chama a atenção da imprensa de novo, o ultimo show que você deu meu pai ficou louco.
As vezes eu queria ser apenas um anônimo por aí, esses ratos da imprensa estragam a festa de qualquer um.
- Pode deixar.
E virei para frente, para tentar prestar atenção naquela explicação matemática e entediante, eu só tentei. Minha mente explorava outros lugares, como por exemplo a sala ao lado, neste momento, Sharon deveria estar enrolando o professor de química enquanto Ephram pegava o resultado da prova do segundo período na pasta dele. Tom deveria estar mirando seu laser no meio do decote de Roxanne, eu lembro que eu fazia isso na sétima serie até descobrir o que é bom mesmo. E bem, mas ao fundo da sala, Louise provavelmente deve estar discutindo com Carah e Noah sobre letras de musica, é incrível, essa menina parece que respira musica! E pelo visto esse ar que ela respira faz bem, pois tem tudo em forma.
Cansei de ficar deduzindo o que a galera da sala ao lado estava fazendo, apesar de estar mais animado que aqui, eu só ia me entediar mais. Apoiei a cabeça sobre meus braços na carteira e tentei não pensar em nada por um momento, andei praticando isso quando Camila tinha sessões de ioga em casa, na verdade só acompanhei a aula por que a professora era bonita, mas depois eu vi que valia a pena ficar zen por algum tempo. Era fácil ignorar a voizinha vindo da frente da sala falando em números, relaxei mais um pouco e rapidinho cai no sono.
“Ela estava vindo pra cá, a luz do fim da tarde entrando em contato com sua pele, e seus olhos cintilaram em minha direção, Louise estava simplesmente fascinante, seu vestidinho gracioso e curto, não sei a cor, mas não deixava de ser linda. Ela me olhava como... Não sei, só sei que ela me olhando daquele jeito me tinha nas mãos.
Seus braços envolveram meu pescoço, ela mordeu o lábio inferior e deu um sorrisinho meio torto, envolvi sua cintura, ainda hesitante, fui a puxando pra mais perto, eu estava ficando animado. Louise olhou para o lado e mirou algo ao longe por seus cabelos negros ao vento, voltou-se pra mim e pousou seus lábios em meu ouvido, sussurrando algo que eu não consegui decifrar, depois ela olhou nos meus olhos e fez uma cara de choro, ela estava magoada. Isso me tocou profundamente, queria ter entendido o que ela falou. Uma lagrima deslizou por sua face macia, limpei com meu polegar e em seguida dei um beijo por onde esta tinha passado. Então ela sibilou algo do tipo ‘não vai embora’, eu disse que não e outra lagrima escorreu, fui andando pra trás contra gosto, eu não sei o que foi que me fez recuar, mas eu queria continuar lá a acalmando e acariciando, de repente eu escuto uma voz grossa ‘acorda cara!’”
Abri os olhos, mas mantive minha cabeça abaixada, aquela voz era de Chuck me acordando, a aula tinha acabado, e aquele sonho foi o mesmo que eu tive a uma semana atrás, muito estranho, sonhei com ela do nada, mas só sei que fiquei impressionado desde então, acho que foi por isso que andei pensando demais em Louise e estou a fim de ficar com ela, até livro dos sonhos andei consultando. Que bizarro, se os caras souberem disso vão tirar uma onda.
Saímos da sala, encontramos com Ephram e Tom, Ephram estava com uma marca no pescoço, a gravata mal arrumada e todo despenteado; ah, eu tive que provocar.
- Hey cara, Courtney andou te atacando de novo?
- Pra você ver! – ele riu meio sem graça.
- E cadê ela que eu não vi?
- Ah, sei lá, saiu da sala correndo.
- E Louise não quis achar ruim?
- Ela tava ocupada demais pra ver, mas ninguém viu, depois que eu peguei o gabarito da prova, eu fui sentar, aí Courtney veio me provocando. Cara, ela vale por duas!
- É fera, você não é fraco não! – Brincamos mais um pouco e em seguida fomos a cafeteria, o caminho inteiro absorto, imaginando Ephram e Courtney juntos. Ephram era do tipo pegador, esperto demais para cair nas armadilhas da venenosa Courtney, mas qualquer um cederia a uma mulher daquelas, eu já cedi uma vez, mas não tive bons resultados!
Chegando ao Coff’s Bar, sentamos logo na mesa da janela, área pra fumantes, acendemos os nossos cigarros, menos Ephram que não fumava. Dei uma tragada, fiquei analisando a rua, eu andava tão distraído que nem vi que havia sentado alguém ao meu lado.
- E aí garotos!
- Fala morena linda! – cumprimentou Chuck, ela sorriu de volta. Louise olhou pra mim, ainda com seu sorriso arrasador e me cumprimentou “Oi Harry”, eu demorei um pouquinho a responder, o cérebro demorou a processar essa informação enquanto eu a admirava, desde a primeira vez que eu tive aquele sonho, meu nome sempre soava diferente de sua boca, como agora. Mas não sei o que acontece, pois quando estamos afim de alguém, ficamos idiota, acho que é o meu caso.
- Oi Louise. – fiquei até mal pela minha resposta desanimada.
- Hãn; você pode me empresta o cardápio? – eu nem tinha percebido que estava o segurando, entreguei pra ela. Eu podia ver em seus olhos que ela estava estranhando a maneira em como eu estava reagindo a ela. Tentei parecer natural e sorri, e como uma simpática nata, ela me devolveu outro tão lindo quantos os outros.
- Vê ai o que você vai querer.- Ephram nos interrompeu.
- Hmm... Vou querer um suco de maracujá. – A maneira como seus lábios se movimentavam para falar era muito fascinante, e depois como ela mordia a parte inferior, assim como no sonho. Nossa, olhar pra ela vicia, ela é de uma beleza inocente e devastadora, que me torna vulnerável, e eu nunca fui tão frágil. Em prova disso ela me pegou a olhando, esta devia ter achado estranho de novo.
- Harry, você esta bem? – Essa pergunta não me surpreendeu, afinal, com ela eu ficava estranho. O problema é que todo mundo na mesa parou pra escutar a resposta.
- É cara, a manhã inteira você parecia estar meio distante. – continuou Chuck.
- Nem sei, estou com minha cabeça um pouco dolorida. – menti. Louise me olhou com solidariedade, eu queria que ela cuidasse de mim.
A garçonete acabara de trazer o suco de Louise, ela deu uma golada e foi se levantando.
- Já vai? - perguntou Ephram.
- Esqueci uns cadernos em casa que eu vou precisar.
- Mas você vai como? Não vai dar pra eu te levar, preciso decorar a cola da prova. – Ela revirou os olhos ao escutar as desculpas de Ephram.
- Eu vou de metrô. – Um impulso mal pensado me fez levantar.
- Deixa que eu levo você. – Engoli em seco, meus instintos de vez em quando me assustam.
- Ah, não precisa Harry, você também vai precisar decorar a cola.
- Imagina. Depois eu pego a cola pra mim.
- E com o que você vai, mané? Esqueceu que veio de limusine hoje. – Exclamou Ephram.
- Eu vou com o seu carro, oras! – Ele me olhou assustado e depois me censurando.
- Ta bem, mas toma cuidado com o possante, eu o lavei ontem!
- Pode deixar! – Fui saindo da mesa junto de Louise, e, involuntariamente peguei em sua cintura. Soltei logo antes que Ephram visse, pois, sei lá, por ser irmã dele ele tem certa cautela, até eu teria se fosse minha irmã, um avião desses.
Não andamos muito e chegamos ao carro, uma BMW x6, abri a porta pra ela, como um cavaleiro deve ser, ela sorriu e eu tentei não parar para vê-la, se não eu iria assustá-la outra vez, mas também, quem mandou ser tão bonita?
Entrei no carro e dei partida, tentei não me desconcentrar com o perfume de Louise, que coisa, tudo nela me desconcentra!
- Harry, valeu mesmo! Você não sabe o quanto eu preciso desses cadernos pra hoje, mas a esperta acabou esquecendo eles. – Já falei de como sua voz é suave e harmônica? Pois bem, sua voz é como uma canção que agente nunca enjoa.
- Que isso, não é nada.
- Mas você não tem que estudar pra prova?
- Estudar? – Eu a olhei censurando. Não que eu não gostasse de estudar, mas química é uma matéria que não entra de jeito nenhum na minha cabeça, e como diz aquele filme, quem não cola, não sai da escola.
- Ta certo, deixa me corrigir, estudar a cola.
- Ah, melhor assim. - Ela riu – Bom. Química não é o meu forte, mas decorar formula não é tão difícil, o problema é que eu não entendo a fundo.
- Nunca pensou em pagar um professor particular?
- Ah, besteira. E também, eu não vou precisar futuramente, já que vou trabalhar na área da política.
- Okay, me convenceu.
- Ta, mas e você, não pensa em aprender a dirigir? – Aproveitei a brecha para questioná-la também, porém ao fazer a pergunta ela me olhou como se pedisse para não falar disso.
- Eu reprovei no exame. – Ela abaixou a cabeça sorrindo acanhada, por um momento me senti arrependido por pergunta, mas eu tinha que continua a conversa.
- Não creio.
- É sério.
- Mas como isso?
- Na hora do exame eu dilacerei todos os cones, e só não atropelei um fiscal porque joguei o carro na arvore. – Não me contive em rir!
- Não acredito que uma coisinha tão delicada como você é capaz de tanto estrago.
- Coisinha delicada? – ela riu irônica - Ta bom Harry!
- O que eu falei de errado?
- Deixa quieto. – Não sei, mas do nada o clima ficou estranho, fez se uma pausa. Então tentei prorrogar o assunto, tive uma idéia!
- Vou propor um acordo com você. – ela me olhou com expectativa – Você me ensina química e eu te ensino a dirigir? – seus olhos pasmos brilharam na direção dos meus.
- Você quer mesmo que eu te ensine química?
- Claro. Por que não?
- E também tem certeza de que vai querer me ensinar a dirigir, mesmo eu te falando da minha alta capacidade de destruição?
- Eu sobrevivo.
- Eu admiro sua coragem. – seus olhos suavizaram novamente e então nossos olhos não se desviram mais, não até eu passar o farol vermelho, depois dessa tentei não ficar mais absorto.
Passamos pelo grande portão da casa dos Waldorfs, atravessamos o jardim e paramos em frente à residência. Me adiantei para abri a porta para ela, peguei em sua mão, ela era quente, delicada. Ah, melhor eu parar com os adjetivos. Fomos entrando na casa, a acompanhei até o quarto. Sentei na ponta de sua cama e a observava enquanto ela pegava suas coisas.
- Mas, então. Quando vai começar nossas aulinhas? – fitei no chão em busca de uma resposta, por mim começava agora.
- Bom, amanhã não dá, sábado vai ter a festa na casa do Chuck, domingo vou estar de ressaca, então que tal na segunda depois da aula?
- Perfeito! – Ao terminar fomos saindo, pegamos o carro e voltamos para o colégio, caminho todo em silencio, eu queria conversar, saber mais dela, mas meu cérebro paralisou. Chegando ao colégio, ao sair do carro, Louise me surpreendeu com um super abraço.
- Harry, muito, muito obrigada! – e fiquei arrepiado com um beijo no rosto, nunca fiquei arrepiado com um beijo, ainda mais no rosto, nem imagino quando for na boca.
Retribui o abraço, mas ela se soltou logo. Caminhamos juntos até cada um ir pra sua sala, ela se despediu de mim com um beijinho no ar, eu derreti por dentro, mas respondi com uma piscadela. Acho que isso é bom, porém estranho, a cada pequena coisa que Louise faz eu já fico vislumbrado. Tentei não pensar mais nela pra não ficar muito confuso, o que não dá muito certo.
Sentei-me em meu lugar como de costume, e fiquei imaginando como seria a festa de Chuck até Courtney entrar na sala, com sua postura audaciosa ela veio desfilando até a carteira ao meu lado.
- Olá Harry!
- Courtney.
Tentei ignorar-la, eu sei que ela tentaria me distrair só para eu ir mal na prova. Ah não, a prova, esqueci o papel da cola com Ephram, mas agora já não tem mais jeito. Só aguardar em silencio o meu martírio.
E essa uma hora que não passava logo, e esse som do ponteiro do relógio que só anunciava o tédio. Pelo canto dos olhos só pude ver Courtney preenchendo sua prova, questão por questão, impecável. Eu conseguia ver cada palavra e numero de suas respostas. O problema é que eu sei que ela deixou a prova fácil pra eu ver de propósito, como uma isca. Ela sabe que eu sou péssimo em química e que ia precisar de auxilio, e eu dependendo dela nessa hora iria aumentar seu ego. Courtney esperta, e eu aqui tão vulnerável, tão confuso.Pensei, pensei, então cheguei numa conclusão, nem ligo para o que Courtney for achar, mais um vermelho no meu boletim de química eu não quero mais. Olhei para Courtney, olhei-a com a expressão mais cara-de-pau que eu conseguia e em seguida comecei a copiar sua prova, eu sei que eu estava a fazendo feliz, mas essa era a ultima vez. Espero.